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      BAIXO ALENTEJO- UM TRECHO DE PAISAGEM Escarlate, mistura pictórica nas telas "atrevidas" dos artistas de todos os tempos, um assomo de raivas provocadoras porque o laranja e o vermelho, em conjunção, excitam os sentidos e eleva-os ao paroxismo do circulo cromático, a tonalidade, a saturação e o brilho desse vermelhão espalhado nos horizontes rasos mas longínquos onde a planura faz lembrar um enorme quadro abstracionista derramado em todo o espaço visível e o céu parece abraçar e beijar a terra numa boda de amor eterno, numa dança de corpos ávidos- o tom desse escarlate, o seu saturado e fulgor casam-se na festa das lentidões dos ocasos ao cair das tardes caniculosas raiadas de outros coloridos fugidios impares que imprimem à dinâmica estética do sujeito uma quase ou mesmo sinestesia turbilhonar emotiva em que a estridência dos coloridos dá as mãos apertadas aos cheiros dos sabores dos campos transtaganos. A luz abre-se em fulgurações cintilantes e a lu
POEMA DA CIDADE SÓ   As flores só Diluente cáustico sulfúrico crematório Burburinho na cidade trepidante só Gente apressada frenética esgazeada Gente amarela anémica esgoelada só Sem sonhos sem o mar verde nos olhos Gente que dobra as esquinas com bueiros só Gente suada entorpecida fremente réptil Há cheiros de escapes há merda no ar só Gente bramindo atropelando-se correndo Há gente depravada engolida na cidade só Entardece na cidade a noite lenta morna cai Há meretrizes preparadas nuas podres só Eléctrica gélida a cidade estica-se enrola-se Gente mas há gente gente muita gente só Em curto-circuito não pensa nem sossega Nem ama nem beija nem acarinha e nem só A minha cidade é global a terra inteira Tem alguns biliões de pessoas vivas só Não se referem todas as que já morreram Não se diz das que os arqueólogos trazem à tona só Esta cidade tem a luz ou é de negro breu Em tempos diferentes reais asfixiantes só S